Pensar, sentir e agir: análise do comportamento de consumo consciente de universitários brasileiros e portugueses em relação a produtos com apelo ecológico

Luciane Albuquerque Sá de Souza, Samuel Lincoln Bezerra Lins

Resumo


DOI

O consumo consciente relaciona-se à velocidade de regeneração natural de recursos e ao processo de alternativas substitutas suprirem fontes de energia e materiais com disponibilidade limitada. Este artigo objetivou analisar o comportamento de consumo consciente de universitários brasileiros e portugueses em relação a produtos com apelo ecológico, a fim de verificar se as características culturais de cada nacionalidade influenciaram as atitudes dos respondentes. Realizou-se pesquisa descritiva/exploratória, com 400 respondentes (209 brasileiros e 191 portugueses), entre 18 e 40 anos; adaptou-se a Escala Ecologically Conscious Consumer Behavior, avaliando os componentes cognitivo, afetivo e comportamental. A ANOVA-MR indicou diferenças estatisticamente significativas entre as dimensões, revelando um decréscimo significativo no componente comportamental quando comparado ao componente afetivo e ao componente cognitivo. O teste t de Student para amostras independentes mostrou não haver homogeneidade de variância quanto aos aspectos comportamentais e à nacionalidade. Quanto ao componente cognitivo, não houve diferença estatisticamente significativa entre brasileiros e portugueses. No componente afetivo, portugueses tiveram escore estatisticamente maior que brasileiros, com tamanho de efeito pequeno; no componente comportamental, também se constataram maiores escores estatísticos para portugueses comparados aos brasileiros, com tamanho de efeito pequeno. Conclui-se que, apesar dos participantes cognitivamente afirmarem que são favoráveis aos produtos com apelo ecológico, há uma possível tendência à mudança comportamental no ato da decisão; ademais, percebeu-se maior coerência em termos do pensar, sentir e agir, relativamente aos universitários portugueses, quando o assunto diz respeito aos produtos com apelo ecológico, posicionando-se ainda mais favoráveis que os universitários brasileiros no campo do componente afetivo.


Palavras-chave


comportamento de consumo; consumo consciente; apelo ecológico; eco postura; consciência ecológica

Texto completo:

PDF (Português)

Referências


Afonso, C. M. (2006). Sustentabilidade: caminho ou utopia? Annablume.

Afonso, C., Gavilan, D., Garcia-Madariaga, J., & Gonçalves, H. M. (2018) Green consumer segmentation: managerial and environmental implications from the perspective of business strategies and practices. In: Sustainability in Innovation and Entrepreneurship. Springer, Cham. p. 137-151.

Ajzen, I. (1988) Attitudes, Personality and Behavior. Milton Keynes: Open University Pres

Ajzen, I. (1991). The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 50, 179-211.

Ajzen, I. (1996). Attitudes, personality, and behavior. Milton Keynes: University Press.

Ajzen, I. (2006). Constructing a theory of planned behavior questionnaire: Conceptual and methodological considerations. Retrieved September, 15, 2015.

Ajzen, I. & Fishbein, M. (1980). Understanding attitudes and predicting social behaviour. New Jersey: Prentice-hall, 1980.

Appio, J., Streher, T., Frizon, N. N., Scalabrin, A. I., & Marcon, D. L. (2019). Comportamento do consumidor ecologicamente consciente: Análise Sob a Ótica do Modelo de Straughan e Roberts. Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 14, n. 1, p. 142-163, jan./abr. Retrieved from http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas

Bandeira, M. V. (2020). Comportamento de consumo de roupas em segunda mão: estudo comparativo transcultural entre Brasileiros e Portugueses (Doctoral dissertation).

Bauman, Z. (1988). Sociology and postmodernity. The Sociological Review, 36(4), 790–813.

Biswas, A. & Roy, M. Green products: an exploratory study on the consumer behavior in emerging economies of the East. Journal of Cleaner Production, v. 87, p. 463-468, 2015.

Borges, G.R., Beuron, T.A., Stoll, R.G., & Garlet, V. (2019). A influência do consumo sustentável na decisão de compra de produtos orgânicos. Amazônia, Organizações e Sustentabilidade, 8(1).

Calomarde, J. V. (2000). Marketing ecológico. Madrid: Pirâmide, ESIC.

Carmona, L. J. D. M., & Bacinello, E. (2019). Sustentabilidade e Consumo Consciente: Ação individual ou contextual?. UFAM Business Review-UFAMBR, 1(2), 89-107.

Chagas, G.M.O., Oliveira, V.M., & Correia, S.W.N. (2019). Comportamento de consumo de produtos com apelo ecológico: um levantamento com os alunos da UFCG/PB. REUNA, Belo Horizonte - MG, Brasil, v.24, n.4, p. 65-83, Out. – Dez. ISSN 2179-8834. Retrieved from http://dx.doi.org/10.21714/2179-8834/2019v24n4p65-83

Costa, D. V. D. & Teodósio, A. D. S. D. S. (2011). Desenvolvimento sustentável, consumo e cidadania: um estudo sobre a (des) articulação da comunicação de organizações da sociedade civil, do estado e das empresas. RAM. Revista de Administração Mackenzie, 12(3), 114-145.

Dabija, D., Chebeň, J., & Lančarič, D. (2017). Cross-Cultural Investigation of Consumers’ Generations Attitudes Towards Purchase of Environmentally Friendly Products in Apparel Retail. Studies in Business and Economics, 12(3), 27–42. Retrieved from https://doi.org/10.1515/sbe-2017-0034

De Toni, D., Larentis, F., & Mattia, A. (2012). Consumo consciente, valor e lealdade em produtos ecologicamente corretos. Revista de Administração FACES Journal, vol. 11, núm. 3, julio-septiembre, pp. 136-156.

Dias, G. F. (1994). Atividades interdisciplinares de educação ambiental: manual do professor. São Paulo: Global; Gaia.

Duarte, A. A. (2021). Diferenças culturais Portugal-Brasil nas Online Customer Reviews de uma companhia aérea - o caso da TAP. repositorio-aberto.up.pt

Efing, A. C. & Geromini, F. P. (2016). Crise ecológica e sociedade de consumo. Revista Direito Ambiental e Sociedade, v. 6, n. 2.

Efing, A. C. & Soares, A. A. C. (2016). Ética do consumo, consumo consciente e felicidade. Revista do Direito, v. 1, n. 48, p. 52-69.

Farias, S. A., Kovacs, M. H., & da Silva, J. M. (2008). Comportamento do Consumidor On-line: a perspectiva da teoria do fluxo. RBGN: Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 10(26), 27-44.

Festinger, L. (1957). A Theory of cognitive dissonance. Evanston, III.: Row, Peterson.

Fishbein, M.; Ajzen, I. (1980). Predicting and understanding consumer behavior: attitude-behavior correspondence. In: Ajzen, I.; Fishbein, M. (ed.). (1980). Understanding attitudes and predicting social behavior. Englewood Cliffs: Prentice Hall, p. 148-172.

Gandhi, M. & Kaushik, N. (2016). Socially responsive consumption behaviour - an indian perspective, Social Responsibility Journal, Vol. 12 Iss 1 pp.

Gil, A. C. (2010). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas.

Gonçalves-Dias, S. G. (2012). O desafio da gestão de resíduos sólidos urbanos. GV-executivo, v. 11, n. 1, p. 16-20.

Gorni, P. M., Gomes, G., Wojahn, R. M., & Padilha, C. K. (2016). Consciência ambiental e sua influência sobre o comportamento de compra com vistas à preocupação ambiental. Contextus-Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 14, n. 1, p. 10-31.

Grohmann, M. Z., Battistella, L., Velter, A. N., & Casasola, F. (2012). Comportamento ecologicamente consciente do consumidor: Adaptação da Escala ECCB para o contexto brasileiro. Revista de Gestão Social e Ambiental – RGSA. v. 6, n. 1, p. 102-116, jan./abr.

Hahn, R., Spieth, P., & Ince, I. (2018). Business model design in sustainable entrepreneurship: Illuminating the commercial logic of hybrid businesses. Journal of cleaner production, v. 176, p. 439-451.

Heider, F. (1958). The theory of interpersonal relations. New York: John Wiley & Sons.

Hofstede, G. (2011). Dimensionalizing Cultures: The Hofstede Model in Context. Online Readings in Psychology and Culture, 2(1). Retrieved from https://doi.org/10.9707/2307- 0919.1014

Hofstede, G. (2013). Compare Countries. Retrieved from https://www.hofstede-insights.com/product/compare-countries/

Kautish, P. & Sharma, R. (2018). Study on relationships among terminal and instrumental values, environmental consciousness and behavioral intentions for green products. Journal of Indian Business. Retrieved from www.emeraldinsight.com/1755-4195.htm. Acessado em: 21/01/2022

Kumar, P. & Polonsky, M. J. (2017). An analysis of the green consumer domain within sustainability research: 1975 to 2014. Australasian Marketing Journal (AMJ), 25(2), 85-96.

La Pière, R. P. (1934). Attitudes vs. Action. Social Forces, 13, 230-237.

Lages, N. S. & Vargas Neto, A. (2002). Mensurando a consciência ecológica do consumidor: um /estudo realizado na cidade de Porto Alegre. In: Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 26, Salvador. Anais. Rio de Janeiro: ANPAD, 2002.

Landis, J. R. & Koch, G. G. (1977). The measuremente of observer agrément for categorical data. Biometrics, 33:159.

Larentis, F. (2012). Comportamento do consumidor. Iesde Brasil SA.

Lima, M. C. (2008). A engenharia da produção acadêmica. Monografia. São Paulo: Saraiva.

Lin, P. C. & Huang, Y. H. (2012). The influence factors on choice behavior regarding green products based on the theory of consumption values. Journal of Cleaner production, 22(1), 11-18.

Lins, S.L.B., Cavalcanti, C.M., & Faria, R.D.C.P. (2011). Valores humanos e comportamento ecológico de universitários brasileiros e portugueses. Revista Amazônia Educação, Sociedade e Meio Ambiente, 11(6), 42-74.

Loureiro, S. C. M. & Gomes, D. G. (2016). Relationship Between Companies and the Public on Facebook: The Portuguese and the Brazilian Context. Journal of Promotion Management, 22(5), 705–718. Retrieved from https://doi.org/10.1080/10496491.2016.1185493

Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2011). Metodologia científica. São Paulo: Atlas.

Mobley, C. & Kilbourne, W. (2013). Gender Differences in Pro-Environmental Intentions: A Cross-National Perspective on the Influence of Self-Enhancement Values and Viewson Technology. Sociological Inquiry, v. 83, n. 2, p. 310–332.

Monteiro, T. A., Giuliani, A. C., Zambon, M. S., Pizzinatto, N. K., & da Cunha, C. F. (2012). Consciência ecológica e atitudes dos consumidores: um estudo exploratório sobre seus impactos diante de produtos e marcas. Revista de Administração da UNIMEP, 10(3), 183-198.

Mooij, M. De. & Hofstede, G. (2011). Cross-cultural consumer behavior: A review of research findings. Journal of International Consumer Marketing, 23(3-4), 181-192. DOI: 10.1080/08961530.2011.578057

Na’amneh, M. M. & Al Husban, A. K. (2012). Identity in old clothes: The socio-cultural dynamics of second-hand clothing in Irbid, Jordan. Social Identities, 18(5), 609–621. Retrieved from https://doi.org/10.1080/13504630.2012.692897

Nespolo, D., Fortes, V. M. M., Borelli, V. A., Camargo, M. E., & Olea, P. M. (2016). Consumo consciente e desenvolvimento sustentável: relação entre entendimento e comportamento. 5º Fórum Internacional Ecoinovar. 1ª Conferência internacional de Sustentabilidade e inovação. Santa Maria / RS – 9 a 12 de agosto. Retrieved from http://www.sewa.org/

Oliveira, V. M., Correia, S. E. N., & Gomez, C. R. P. (2014). Escala de consumo sustentável: Um estudo comparativo entre alunos e professores da Universidade Federal de Campina Grande – PB. Revista de Gestão Social e Ambiental. v. 8, n. 3, p. 89-105, set./nov.

Oliveira, P. S. & Santos, A. O. (2016). Consumo Hedonista: impasses e contradições do consumidor pós-moderno para um planeta sustentável. Revista Educação, Tecnologia e Cultura-ETC, v. 13, n. 13.

Oreg, S. (2006). Personality, context, and resistance to organizational change. European journal of work and organizational psychology, 15(1), 73-101.

Ortigoza, S. A. G. & Cortez, A. T. C. (2009). Da produção ao consumo: impactos socioambientais no espaço urbano. São Paulo: Editora UNESP.

Ottman. J. A. (1993). Marketing Verde: desafios e oportunidades para a nova era do marketing. São Paulo: Makron Books.

Pereira, P. C. (2017). Diferenças culturais no comércio eletrônico: estudo comparativo entre Brasil e Portugal (Doctoral dissertation).

Porto, R. B. (2010). Atitude do consumidor: estrutura dos modelos teóricos. 2010. REMark - Revista Brasileira de Marketing, São Paulo, v. 9, n. 2, p 41-58, mai./ago.

Porto Editora. (2022). Politicamente correto na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-02-22]. Retrieved from https://www.infopedia.pt/$politicamente-correto

Prothero, A. (1990). Green consumerism and the societal marketing concept: marketing strategies for the 1990's. Journal of Marketing Management, 6(2), 87-103.

Rani, P. (2014). Factors influencing consumer behaviour. International Journal of Current Research and Academic Review, 2(9), 52–61. Retrieved from http://www.ijcrar.com/vol-2- 9/Pinki%20Rani.pdf

Rezende Pinto, M. & Batinga, G. L. (2016). O consumo Consciente no Contexto do Consumismo Moderno: Algumas Reflexões. GESTÃO. Org: Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 14.

Ribeiro, J. A. & Veiga, R. T. (2011). Proposição de uma escala de consumo sustentável. R. Adm., São Paulo, v. 46, n. 1, p. 45-60, jan./fev./mar

Rocha, A. L. (2011). Intenções e ações em relação a escolhas de produtos ecológicos: estudos sobre o comportamento do consumidor carioca. Revista Contemporânea de Economia e Gestão. v. 9, n. 1.

Rodrigues, A. Assmar, E. M. L., & Jablonski, B. (2015). Psicologia Social. Petrópolis – RJ: Ed. Vozes, 32ª Edição.

Rosemberg. M. J. (1960). Na analysis of affective cognitive consistency. Em C.I. Hovland e M.J. Rosenberg (Eds.), Attitude organization and change. New York: Yale University Press.

Royal Society. (1997). Towards Sustainable Consumption: a joint statement by the Royal Society and the US National Academy of Sciences. 1997. Retrieved from https://royalsociety.org/~/media/Royal_Society_Content/policy/publications/1997/10193.pdf

Sampaio, D. (2014). Consumo de Alimentos Orgânicos: um estudo exploratório. Revista Administração em Diálogo-RAD, v. 15, n. 1.

Southerton, D., Warde, A., & Hand, M. (2004). The limited autonomy of the consumer: implications for sustainable consumption. Sustainable Consumption: The Implications of Changing Infrastructures of Provision, 32–48.

Svensson, G. & Wagner, B. (2012). Implementation of a sustainable business cycle: the case of a Swedish dairy producer. Supply Chain Management: An International Journal.

Tambosi, S. S. V., Mondini, V. E., Borges, G., & Hein, N. (2014). Consciência Ambiental, Hábitos de Consumo Sustentável e Intenção de Compra de Produtos Ecológicos de Alunos de Uma IES de Santa Catarina. Revista Eletrônica de Administração e Turismo, v. 5, n. 3, jul.-dez.

Tavares Junior, F. A. (2007). NATUREZA S/A? O CONSUMO VERDE NA LÓGICA DO ECOPODER (Doctoral dissertation, Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Tódero, M., Macke, J., & Biasuz, T. (2011). O consumo consciente e sua relação com as ações de responsabilidade social empresarial. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 5, n. 1, p. 158-175.

Triandis, H. C. (1971). Attitudes and atitude change. New York: Willey.

Tucker, E. M., Rifon, N. J., Lee, E. M., & Reece, B. B. (2012). Consumer receptivity to green ads: A test of green claim types and the role of individual consumer characteristics for green ad response. Journal of Advertising, 41(4), 9-23.

Ziglio, L. & Comegna, M. A. (2005). A cultura e o processo de globalização. Estudos Geográficos: Revista Eletrônica de Geografia, 3(2), 91-102.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2022 Luciane Albuquerque Sá de Souza, Samuel Lincoln Bezerra Lins

Revista Brasileira de Meio Ambiente (Rev. Bras. Meio Ambiente) | ISSN: 2595-4431

CC-BY 4.0 Revista sob Licença Creative Commons
Language/Idioma
02bandeira-eua01bandeira-ingla
03bandeira-spn